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Numa sociedade cada vez mais dominada pelas tecnologias, impõe-se à escola não só a sua atualização, mas também uma adaptação dinâmica à nova geração de alunos, denominados como nativos digitais, que não lidam bem com o método expositivo, tradicionalmente associado ao ensino presencial. Neste sentido, “os jovens não fazem distinção entre os mundos digital e analógico o. Para eles, as transições entre estas esferas da vida são impercetíveis. Não existe distinção!” (Rack & Sauer, 2019, p. 8).

Reconhecendo a necessidade de mudança nas respostas educativas que dotem o aluno de competências que lhe possibilitem solucionar ativamente problemas e que, simultaneamente, proporcionem ao mercado de trabalho um profissional altamente competente, vários países têm introduzido no seu currículo escolar o pensamento computacional (PC).

De uma forma generalizada, o acesso à tecnologia tem-se massificado. Este fator tem influenciado diferentes estilos de vida e tem provocado desafios sociais em áreas como a empregabilidade, a comunicação, a educação, entre outros. Verifica-se, ainda assim, um desfasamento tecnológico entre a sociedade e a escola. Ora, os agentes educativos têm de, numa primeira fase, minimizá-lo e, numa segunda fase, tornar a escola um impulsionador da transformação tecnológica. Assim, o ambiente escolar, desde a infância, afigura-se o espaço adequado para ensinar e potenciar o pensamento computacional.

A inevitabilidade do avanço tecnológico revela-se na expansão contínua do seu raio de ação com clara evidência nos algoritmos desenvolvidos pelas empresas tecnológicas que lhes permitem recolher e tratar dados, de forma rápida e relativamente simples, com o objetivo de criar espaços de informação ou dar resposta às mais diversas solicitações de uma sociedade cada vez mais globalizada e unida pela IoT (internet of things) e pela IA (inteligência artificial).

Neste breve retrato social, a investigação científica educacional tem centrado atenções no desenvolvimento do PC desde a infância. O PC é “a utilização articulada da decomposição, do reconhecimento de padrões, da abstração e dos algoritmos para resolver problemas” (Gomes, 2021).

O projeto de Pensamento Computacional foi coordenado pelo professor Miles Berry, da Universidade de Roehampton, em Londres, também responsável pelo desenho e implementação do PC nas escolas do Reino Unido. No ano letivo de 2021/22, que constituiu o primeiro ano de implementação do projeto nos Açores, foi dada formação a todos os professores tutores das vinte e nove escolas aderentes e foram ainda criadas pela equipa do PC ferramentas a utilizar nos anos seguintes com os alunos.

Deste modo, em 2022/23, o projeto entrou efetivamente nas salas de aula açorianas, com os já referidos professores tutores a realizarem atividades lúdico-didáticas com os alunos. Neste segundo ano de implementação, o foco recaiu no 1.º ano de escolaridade, estando previsto, para o próximo ano, abranger o 1.º ano e o 2.º ano de escolaridade (aqueles que, no ano anterior, já o tinham frequentado e assim sucessivamente até todos os alunos do 1.º ao 6.º ano de escolaridade estarem abrangidos pelo projeto.